Redefinindo saudade, foi nesse ponto em que cheguei. Quando
não me permito mais esperar por uma visita sua, mesmo que ela seja de seu
interesse. Quando opto por dormir e nem me importar de você ver minha cara
amassada e inchada por causa de um sono interrompido caso você apareça. Na
verdade, devo admitir que sua não visita me permitiu poucas dezenas de minutos
de sono, o que me garantiu supostamente um revigoramento para voltar ao trabalho.
E a explicação de não visita ficou onde? Perdida pelo
caminho como você? Minhas sinceras desculpas (não que eu realmente precise dar
elas a você), mas nesse momento não quero saber onde você estava ou o que fez.
Esqueceu? Previsível, como tantas outras coisas.
...
Horas iguais minutos iguais. Alguém deve pensar em mim, ou
talvez seja eu mesma pensando em mim. Aliás, o que eu sempre devo começar a
fazer, colocando você como um segundo plano. Não é maldade, nem mágoa, acredite
em mim. É realidade. Aquela que eu não queria ver e acabei mergulhando em definições,
ou redefinições. Como redefinir? Simples.
Sinto sua falta agora. Foco. Tenho trabalho a fazer.
Gostaria de estar deitada no seu ombro para um melhor
descanso. O que faço? Afofo meu travesseiro e escolho uma musica mais calma,
quando reparo já estou no mundo dos sonhos.
Tenho tempo livre agora, mas como não tenho seu numero nem
ligo de ligar pra sua casa e querer saber se você quer fazer algo. Procuro um
filme que ainda não vi e vou assisti-lo. Olha só, a lista está maior do que eu
imaginava. Acho que esse tempo livre vai me fazer bem.
...
Fui ao cinema nesse final de semana. Minha mãe recordou-me
enquanto ela ria que eu sempre ia ao cinema sozinha antigamente. Ela nunca se
preocupou quando eu fazia isso, porque ela sabia que eu estaria bem. Que eu saberia
me cuidar.
Me cuidar. Essa é uma frase que eu nunca ouço de você.
Aliás, tudo que eu falo você sempre acaba não ouvindo ou não levando em
consideração. Antigamente eu me preocupava com isso, em como eu poderia me
esquivar desses incômodos no futuro, mas agora eu não vejo razão pra isso. Como
se o que quer que fossemos ter no futuro hoje não se encaixa na minha lista de
planos.
...
Eu preciso organizar minha vida, meu tempo, meu
guarda-roupa, minha casa e minhas historias. Aquelas que quero contar, ou aquelas
que quero escrever. Redefinir o que for preciso para poder ser feliz novamente,
ou poder sentir saudade do que ‘já foi a gente.’
Sabe do que eu sinto saudade? De você. Mas não tenho certeza
se posso chamar isso de saudade depois de por sua causa redefinir esse
conceito.
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